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Natália contou que estava ao telefone quando um dos homens a ofendeu verbalmente. Ao responder em sua defesa, os outros dois se envolveram na situação.
"Eu automaticamente retruquei, os dois amigos dele se meteram e também me ofenderam. Quando comecei a discutir com eles, um deles puxou meu cabelo e começaram a me agredir com socos e chutes no rosto", disse ao ENFOCO.
A vítima afirmou que a agressão aconteceu na baia do ônibus 531 e que o terminal estava cheio devido a um bloco de carnaval na Avenida Amaral Peixoto. Apesar da movimentação, ninguém interferiu na situação.
Até porque quem defenderia uma travesti, não é mesmo?
Natália contou que não recebeu ajuda de imediato e foi para casa, no bairro do Ingá, onde o amigo com quem divide a residência a socorreu e acionou o Samu. Ela foi encaminhada ao Hospital Estadual Azevedo Lima (Heal), no Fonseca, Zona Norte de Niterói.
"No momento eu não sabia direito qual era a proporção do ferimento no meu rosto, só pensei em ir para casa", disse.
Com a agressão, o osso da lateral do rosto de Natália foi fraturado. Ela ará por uma cirurgia no próximo dia 6 de março para corrigir a fratura. "O médico falou que só por um pouquinho eu poderia ter ficado cega", afirmou.
Natália afirmou ao ENFOCO, que essa foi a primeira vez que sofreu uma agressão física, mas não a primeira violência. "Transfobia nas pessoas trans sofremos todos os dias, seja agressão verbal ou até física", falou.
Mesmo com a violência, ela reforça que continuará a ocupar os espaços públicos.
Eu nunca vou ter medo de andar na rua, pois o meu direito de ir e vir é garantido. Na minha cabeça, quem deveria ter medo de viver em sociedade são esses agressores
A vítima espera que os agressores sejam punidos. "Eu espero que eles sejam legalmente punidos para a sociedade sempre se lembrar que transfobia é crime", deseja a garçonete.
Até o momento, apenas um dos suspeitos foi identificado, segundo relatos recebidos por Natália.
O caso foi registrado na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) e é acompanhado pela Comissão Permanente de Direitos Humanos, da Mulher, da Criança e do Adolescente da Câmara Municipal de Niterói, presidida pela vereadora Benny Briolly (PSOL).
A comissão também apresentou uma indicação legislativa à prefeitura de Niterói solicitando o reforço da segurança no Terminal João Goulart durante o período de carnaval, com o deslocamento de guardas municipais para o local e seu entorno.
Casos de violência contra pessoas trans vêm crescendo no Brasil. Dados da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, coletados pelo Disque 100, indicam que o número de denúncias desse tipo aumentou 45% em 2024 em comparação com o ano anterior. O total de violações registradas subiu 73% no mesmo período.
O Brasil também lidera, pelo 16º ano consecutivo, o ranking mundial de assassinatos de pessoas trans. Entre setembro de 2023 e outubro de 2024, foram 350 mortes registradas, segundo a ONG Trans Murder Monitoring. Destas, 30% ocorreram em território brasileiro.
No geral, o Disque 100 recebeu 8.142 denúncias de violência contra a população LGBTQIA+ em 2024, envolvendo 48.475 violações, um aumento de 34% nas denúncias e 46% nas violações em relação a 2023.
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